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quarta-feira, 30 de maio de 2012

A outra hipótese!






Não sei se foi por preguiça, por condicionamento, pela dificuldade de estarmos plenamente atentos no instante de cada ação. O fato é que a planta havia morrido há semanas e durante todo aquele tempo eu continuei a regá-la, como se estivesse ali. O vaso cheio de terra, vazio de verde, permanecia no mesmo lugar, entre os outros, como se nada houvesse acontecido. Toda vez que eu repetia o movimento, eu me dava conta da estranheza do meu gesto, mas acabava me entretendo com outra coisa e adiava mais uma vez a retirada do vaso.

Outra hipótese é o embaraço que às vezes temos para reconhecer a morte das coisas. Para aceitar que o tempo delas acabou, embora possa ser tão óbvio como um vaso sem planta. A começar pelos padrões de comportamento que já repetimos com desconforto porque em nada se parecem com as pessoas que somos agora. Talvez evitemos retirá-las do nosso contexto porque a retirada costuma afetar a estrutura aparentemente organizada do conjunto, como acontece no jogo de pega-varetas. A maioria de nós aprendeu a não mexer com o que está quieto, mesmo quando essa quietude significa que não corre mais nenhum vento de vida ali.

Nossos gestos de desapego são capazes de criar espaço para o novo. Minha mãe plantou outra muda de planta naquele vaso. A última vez que vi, estava florida.

(Ana Jácomo)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O REENCONTRO






Quando fechei os olhos, finalmente, pude respirar. 
Uma respiração profunda, tranqüila. Uma respiração que parecia me acalmar.
Quando fechei os olhos, finalmente, pude lembrar.
 Lembranças intensas, algo que jamais eu poderia imaginar.
Quando fechei os olhos, finalmente, pude me deliciar.
 E pensei nos erros que cometi, nas fúrias que vivi nas mágoas que talvez um dia possam passar.
Quando fechei os olhos, finalmente, pude me perdoar. 
E entendi que é preciso muito mais do que se valorizar. 
E entendi que é preciso muito mais do que ensinamentos, reverberações e conceitos.
Quando fechei os olhos, finalmente, compreendi...
Compreendi, que basta buscar um equilíbrio. E esta busca nunca deve cessar. Esta busca deve se sensibilizar a cada momento que você vive. 
A busca que eu digo aqui é a mesma de quando estamos felizes, 
que é a mesma de quando estamos tristes e 
que é a mesma de quando “só estamos” (...)
Carolina / 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Encerramentos





E no meio de tantas coisas, houve algo que não se encerrava 
                                         que não se compreendia 
                                                      que não se acreditava.     
 Houve sempre algo desejável, aqueles momentos que queríamos resgatar as tais sensações que um dia nos confortaram. 
        Houve sempre algo que dispensava nomes e entendimentos. Houve algo que tinha um cheiro inconfundível e um sabor jamais esquecido.

E no meio de tantas coisas, houve algo que não conseguíamos encerrar, que não compreendíamos que não acreditávamos.      

Havia sempre uma ilusão, uma insatisfação, uma consciência plena dos defeitos, tonando-nos submissos de nós mesmos.           

Naquele momento tudo estava com um cheiro já conhecido e com o mesmo sabor que jamais eu havia esquecido.

E no meio de tantas coisas, algo se encerrou, algo foi compreendido, e então eu acreditei.
 Acreditei que na vida temos que impôr limites, não aos outros.
     Mas em nós mesmos! 
                             Limites no amor, limites na dor, limites nos cheiros e no sabor.

E no meio de tantas coisas, houve o caos, o desespero, a amargura, o ressentimento. 
Alguns dizem até que houve amor! Mas nunca saberemos, afinal, o que é o amor?

(...)
E no meio de tantas coisas, há a memória.
E no meio de tantas coisas, há as preces.
E no meio de tantas coisas, há o luto, por aquilo que se permitiu “ir”.
E no meio de tantas coisas, há a transformação, por aquilo que se permite “vir”.
E no meio de tantas coisas, há o amadurecimento, por aquilo que fica!

E no meio de tantas coisas, há a certeza de que ninguém melhor do que você mesma, para uma boa companhia e para renovar todo aquele sabor!
  Carolina/ 2012



terça-feira, 15 de maio de 2012

A estupidez




Eis a sublime estupidez do mundo:
quando nossa fortuna está abaldada - muitas vezes pelos excessos de nossos próprios atos - 
culpamos o sol, a lua e as estrelas pelos nossos desastres; como se fôssemos canalhas por desígnios lunares, idiotas por influência celeste; escroques, ladrões e traidores por comando zodíaco (...)
É a admirável desculpa do homem devasso - responsabilizar uma estrela por sua devassidão! 

( Rei Lear, Ato I, Cena II, W. Shakespeare)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mudanças






"...Eu também já disse, num tempo em que meu julgamento era maior e a auto-observação era só palavra. 
Não digo mais
aprendi principalmente na convivência comigo que mudança um monte de vezes é inevitável, que em alguns trechos da jornada faz diferença à beça, mas que também é coisa trabalhosa e delicada. 
Que em algumas circunstâncias não adianta querer mudar repentinamente se ainda não se pode: como num jogo de pega-varetas, alguns movimentos bruscos, precipitados, descuidados, são capazes de fazer as outras peças todas desmoronarem. 
No jogo, tranquilo, apenas perdemos a rodada; na vida, a história pode complicar. 
Mudança nem sempre é pra quando se quer, mudança tem vez que é também e somente pra quando já se consegue. 
Claro que é possível conseguir quando realmente se deseja, ninguém está condenado a paralisar em lugares indesejados para não desmentir a profecia alheia, mas é preciso ter paciência, estoques dela.
Eu já mudei muito
Eu já mudei enquanto nem mesmo percebia pela ação silenciosa de acontecimentos.
Eu já mudei coisas que eu nem acreditava ser capaz. 
Eu mudo todo dia como toda gente. 
E também aquilo que, embora eu queira tanto, eu tente tanto, ainda não consigo mudar me faz mais empática e generosa; 
mais confiante de que somos capazes das mudanças que podem nos tornar melhores, primeiro para nós mesmos, se não desistirmos de nós mesmos. 
Mas, no nosso tempo. 
Com todo respeito e gentileza possíveis. 
Com gratidão àquilo que já conquistamos
Passo a passo daqueles que de verdade já conseguimos dar."
 ( Ana Jácomo )

quarta-feira, 9 de maio de 2012

VIDA/TEMPO



"Vida/tempo
(Viviane Mosé)

Quem tem olhos pra ver o tempo?
Soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?

O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina.
Sem raiva nem rancor
O tempo riscou meu rosto com calma.

Eu parei de lutar contra o tempo.
Ando exercendo instante.
Acho que ganhei presença.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
Acho que a vida anda passando.
Acho que a vida anda. Em mim a vida anda. Acho que há vida em mim. A vida em mim anda passando. Acho que a vida anda passando a mão em mim

Por falar em sexo quem anda me comendo
É o tempo. Na verdade faz tempo, mas eu escondia
Porque ele me pegava à força, e por trás.
Um dia resolvi encará-lo de frente e disse: Tempo, se você tem que me comer Que seja com o meu consentimento. E me olhando nos olhos. Acho que ganhei o tempo. De lá pra cá ele tem sido bom comigo. Dizem que ando até remoçando"


segunda-feira, 7 de maio de 2012

SONETO DE INVERNO





SONETO DE INVERNO

Um copo de vinho, calor de momento,
O que era um incômodo torna-se alento,
Conforta-se o corpo...a alma se aquece...
É bom desfrutar do que a vida oferece.

O frio, o arrepio...tão bons de sentir,
O encanto do dia e da noite a surgir,
Beleza, mistério, desejo, paixão,
O clima perfeito, a mais bela estação.

Um misto de cores, perfumes, sabores...
Provocam, saciam, aguçam os sentidos...
Três meses pra ver, desfrutar e sentir.

E então as vontades, os sonhos e amores,
Pensados, criados, sentidos, vividos,
Esperam de novo a estação que há de vir

(Joagda Abib)

domingo, 6 de maio de 2012

Intenso o suficiente...




Eu não sou tão forte o quanto eu previa, 
nem tão fraca o quanto eu temia;
não tenho o passo rápido como eu gostaria, 
nem paraliso como poderia;
aprendi a me equilibrar nos extremos.
Se não tenho o direito de escolher todos os acontecimentos,
 me posiciono de acordo com os fatos;
no final o que me move, não é forte o suficiente para me derrubar, mas é intenso o bastante para me fazer ir além.


( Fernanda Gaona)

sábado, 5 de maio de 2012

SONETO DE MAIO




Soneto de Maio 

Suavemente Maio se insinua 
Por entre os véus de Abril, o mês cruel 
E lava o ar de anil, alegra a rua 
Alumbra os astros e aproxima o céu. 

Até a lua, a casta e branca lua 
Esquecido o pudor, baixa o dossel 
E em seu leito de plumas fica nua 
A destilar seu luminoso mel. 

Raia a aurora tão tímida e tão fragil 
Que através do seu corpo transparente 
Dir-se-ia poder-se ver o rosto 

Carregado de inveja e de presságio 
Dos irmãos Junho e Julho, friamente 
Preparando as catástrofes de Agosto... 

Vinicius de Moraes

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Não canse quem te quer bem!

Olá leitores!
Hoje compartilho "leituras de facebook". rs...
Algo satisfatoriamente dentro do que almejamos sentir e falar todos os dias para "alguém".


quarta-feira, 2 de maio de 2012

POEMA








"....Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo...

...  De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu... "

Poema ( Ney Matogrosso)







 PARA AS NOITES FRIAS 
E DE MUITAS REVERBERAÇÕES!!!!