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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Chegou o inverno!




"Uma pessoa é grande quando perdoa,
 quando compreende, 
quando se coloca no lugar do outro, 
quando age não de acordo com o que esperam dela, 
mas de acordo com o que espera de si mesma! " 
( Martha Medeiros)

Sonhos que aprisionam!

Todas as quarta-feiras, Ivan Martins, editor executivo da ÉPOCA, escreve algo que se aproxima bastante da proposta do blog.
Decidi hoje, compartilhar a última coluna dele para que todos possam conhecer e reverberar!!!!



"Havia na minha casa, até uns dias atrás, uma travessa cheia de pedras. Elas eram de cores, tamanhos e formatos diferentes. Tinham em comum o fato de haverem sido coletadas em viagens. Se eu estivesse num lugar especial, procurava uma pedra bonita e a metia no bolso. Mais tarde, de volta em casa, juntava o item novo à coleção. Haveria, talvez, umas 30 pedras na travessa.

Na semana passada, preparando a casa para uma reforma, disposto a recomeçar a vida, decidi que era hora de me livrar de coisas que eu vinha acumulando desnecessariamente há pelo menos 10 anos. Rodaram roupas, objetos, revistas, livros e, claro, as pedras. Mas não foi fácil.

Cada vez que eu punha uma coisa de lado, com a disposição de me livrar dela, algo me incomodava profundamente. Havia uma dor ali, ou várias dores diferentes.

As pedras eram parte do passado que, de alguma forma, eu tentava agarrar e materializar. Os livros, vários que eu nunca tinha lido, representavam uma inquietação pelo futuro: agora eu nunca saberia o que há dentro deles. As roupas, muitas delas sem usar há anos, ficavam me acenando do chão, empilhadas, com as situações que haveriam de vir e nas quais eu sentiria falta delas.

O nome desse sentimento inquietante é apego.

A gente se agarra às coisas, como se agarra às pessoas e às ideias. Na verdade está tudo entrelaçado. As coisas representam pessoas, que nos remetem a sentimentos e ideias. Ou representam sentimentos e ideias, que nos lembram de pessoas. Qualquer que seja a ordem, esse sentimento é um fardo. Tentando reformar e recomeçar, tentando reiniciar a vida, a gente percebe como é difícil deixar as coisas para trás. Inclusive os sonhos e os planos, por mais banais e genéricos que sejam.

Assim como nos apegamos a livros que nunca lemos, ou CDs que nunca ouvimos, também nos apaixonamos por coisas que nunca vivemos e gostaríamos de viver, embora não sejamos capazes de explicá-las ou defini-las. Essa forma de apego é vaga, mas tem uma força brutal sobre as nossas ações.

A esperança de viver coisas espetaculares (mas indefinidas) no futuro impede que a gente se mova no presente. Ela leva, por exemplo, algumas pessoas a protelar indefinidamente relações afetivas duradouras. Elas não conseguem renunciar ao sonho de perfeição do conto de fadas ou abrir mão das possibilidades eróticas oferecidas por um planeta com seis bilhões de pessoas. Isso equivale à dificuldade de jogar fora um DVD que nunca foi visto. É apego pelo desconhecido.



Tenho a impressão de que esse sentimento pelo futuro é o maior obstáculo à mudança na nossa vida.

O passado é uma entidade com peso e qualidade definidos. Lidamos com ele todos os dias. Desapegar não é simples, como mostra a minha coleção de pedras, mas pode ser negociado, como sabem os analistas. Memórias podem ser reavaliadas, experiências podem ser diluídas no tempo. Podemos chegar à conclusão que sobreviveremos ao grande amor e ao grande trauma – e com alguma pesar, por um e por outro, somos capazes de enterrá-los em alguma medida.

O futuro é outra história. Nele residem todas as nossas expectativas. Depositamos neles nossas aspirações práticas e subjetivas. Em direção a ele arremessamos os nossos desejos não realizados, a redenção das nossas frustrações. No futuro encontra-se a pessoa que desejamos ser. A felicidade mora lá e nos assombra como um fantasma a cada minuto da nossa vida. Não saberíamos viver sem ela. Seria desumano.

É contra essa esperança enorme, avassaladora e perniciosa que temos de lutar todos os dias para tomar conta da nossa vida. Não basta olhar para trás e se livrar das coleções de pedras. Ou das roupas velhas. Para começar de novo, em qualquer idade, temos de jogar fora os sonhos embolorados e as ilusões. Precisamos nos livrar do futuro sem rosto que nos assombra.

É provável que a felicidade, como coisa duradoura, não exista. Mas, se ela pode ser encontrada em algum lugar, ainda que de forma fugidia, é no presente. Para enxergá-la, precisamos estar de olhos bem abertos, livres das sombras do passado e das luzes que cegam no futuro. Não é fácil, mas quem disse que a vida é simples?"

sexta-feira, 27 de abril de 2012

THE EIGHT VERSES ON THE TRAINING OF THE MIND...



Li estes dias no livro " A ARTE DA FELICIDADE" do Dalai Lama, que uma das práticas espirituais diárias dele consistia em recitar uma oração, composta no século XI pelo santo tibetano no Langri Thangpa.

Em parte, diz ela:


" Sempre que me relacionar com alguém, que eu me considere a criatura mais ínfima de todas e que encare o outro como supremo do fundo do meu coração!...
   Quando eu vir seres de natureza perversa, oprimidos por tormentos e pecados violentos, que eu considere de alto valor essas criaturas raras como se tivesse encontrado um precioso tesouro!...
   Quando os outros, por inveja, me tratarem mal com imprecações, calúnias e atitudes semelhantes, que eu sofra a derrota e ofereça a vitória aos outros!...
   Quando aquele, a quem beneficiei com grande esperança, me ferir profundamente, que eu possa encará-lo como meu supremo Guru!...
   Em suma, que eu possa, direta ou indiretamente, oferecer benefícios e felicidade a todos os seres; que eu em segredo possa assumir nos meus ombros a dor e o sofrimento de todos os seres..."

Creio eu, que em nosso processo de civilização, estes pensamentos são bastante almejados, mas no íntimo de cada ser humano, zelar por estes preceitos, é algo que considero bastante difícil na atualidade! Porém, divulgo no intuito de "plantar a sementinha" em cada leitor!

Reverberem como quiser! =)

terça-feira, 10 de abril de 2012

O conto de fadas...




Falando em reverberações do cotidiano vou deixar hoje para vocês um conto de fadas moderno que chega até a ser um conselho. 
O conto está no The Phantom tolbooth, de Norton Juster.

“Era uma vez um menininho chamado Milo que chega numa cidade onde todos andam apressados, olhando para o chão, como que sabendo exatamente para onde estão indo.
Mas ele não vê construções nem ruas. Tudo desapareceu.
Alguém explica para Milo:
- Há muitos anos, neste mesmo lugar, havia uma linda cidade, cheia de casas bonitas e lugares atraentes... As ruas eram cheias de coisas maravilhosas para se olhar e as pessoas sempre paravam para olhar para elas.
- Elas não tinham nenhum lugar para ir?, pergunta Milo.
- Claro que sim, mas, como você sabe, a razão mais importante de se ir de um lugar para o outro é ver aquilo que há entre os dois lugares...
- Aí, um dia, alguém descobriu que, se você não olhasse para nada e tomasse atalhos, você chegaria mais depressa. As pessoas tornaram-se obcecadas para chegar lá, correndo, depressa, olhando para o chão. E, porque ninguém mais ligava para as coisas à sua volta, tudo foi ficando cada vez mais feio e mais sujo e, como tudo foi ficando sujo e feio, as pessoas andavam cada vez mais depressa, e então uma coisa muito estranha começou a acontecer. A cidade começou a desaparecer. Dia a dia, as construções iam sumindo e as ruas desaparecendo. E as pessoas continuavam vivendo ali como sempre, nas casas, em prédios e nas ruas, que já não estavam mais ali, porque ninguém notava nada. “

A captura...





"Encontrar é achar, é capturar, é roubar, mas não há método para
achar, só uma longa preparação. Roubar é o contrário de plagiar,
copiar, imitar ou fazer como. A captura é sempre uma dupla-captura,
o roubo, um duplo-roubo, e é isto o que faz não algo de mútuo, mas
um bloco assimétrico, uma evolução a-paralela, núpcias sempre
“fora” e “entre”.

Gilles Deleuze e Claire Parnet, Dialogues

Proteção!



"Teus olhos viram meu corpo sem forma, e em teu livro
foi escrito, todos os dias que foram ordenados para mim,
quando ainda não havia nem um deles."
Salmos 139:16


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Se deve viver, apesar de...




Se deve viver apesar de.
{ }


“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.

Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita fui a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.”




Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres. ( Clarice Lispector )