Falando em reverberações do cotidiano vou deixar hoje para
vocês um conto de fadas moderno que chega até a ser um conselho.
O conto está
no The Phantom tolbooth, de Norton
Juster.
“Era uma vez um menininho chamado
Milo que chega numa cidade onde todos andam apressados, olhando para o chão,
como que sabendo exatamente para onde estão indo.
Mas ele não vê construções nem
ruas. Tudo desapareceu.
Alguém explica para Milo:
- Há muitos anos, neste mesmo
lugar, havia uma linda cidade, cheia de casas bonitas e lugares atraentes... As
ruas eram cheias de coisas maravilhosas para se olhar e as pessoas sempre
paravam para olhar para elas.
- Elas não tinham nenhum lugar
para ir?, pergunta Milo.
- Claro que sim, mas, como você
sabe, a razão mais importante de se ir de um lugar para o outro é ver aquilo
que há entre os dois lugares...
- Aí, um dia, alguém descobriu
que, se você não olhasse para nada e tomasse atalhos, você chegaria mais
depressa. As pessoas tornaram-se obcecadas para chegar lá, correndo, depressa,
olhando para o chão. E, porque ninguém mais ligava para as coisas à sua volta,
tudo foi ficando cada vez mais feio e mais sujo e, como tudo foi ficando sujo e
feio, as pessoas andavam cada vez mais depressa, e então uma coisa muito
estranha começou a acontecer. A cidade começou a desaparecer. Dia a dia, as
construções iam sumindo e as ruas desaparecendo. E as pessoas continuavam
vivendo ali como sempre, nas casas, em prédios e nas ruas, que já não estavam
mais ali, porque ninguém notava nada. “
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