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domingo, 29 de janeiro de 2012

Morar sozinha é...






Em um dia destes, algumas pessoas me fizeram questionar sobre o fato de morar sozinha...

Então, reverberei...

                Morar sozinha é sentir-se completamente sua.
                Morar sozinha é conflito com calmaria; desordem diferente de bagunça; saudade diferente de solidão.
                Morar sozinha é deixar tudo como está, e no mesmo momento querer mudar.
                Morar sozinha é abrir a porta de casa e encontrá-la exatamente como deixou. 
                              Identificar o cheiro de tudo. Desesperar com o chuveiro queimado. Dar um “jeitinho” no guarda-roupa quando pode.
                Morar sozinha é querer estar com todos e com ninguém, assim mesmo, tudo junto e misturado.
                              É dar conta dos sentimentos mais profundos e das incertezas mais doloridas. É dividir com você mesma, a felicidade do desabrochar de uma flor. 
                É brincar com os alimentos, para dar mais sabor.
      É colorir seu dia com um bom vinho, um bom livro e muito amor!
                Morar sozinha é lavar a roupa, e passar quando dá, quando quer. Morar sozinha é olhar o pôr do sol, ouvindo a sua música favorita na maior altura, na companhia do seu capuccino predileto! 
        É entender que na sua bagunça a ordem paira, que no frio um chá esquenta, e no calor o ventilador aguenta!
                               Morar sozinha, pode até te proporcionar uma pitada de mau olhado, porque, nas dificuldades você acaba entendendo melhor a tal frase: Silenciar e observar. Afinal, você não tem muita saída né? =)
                Morar sozinha é se policiar com o horário do remédio, do despertador, do cotidiano, e fazer tudo funcionar em perfeita harmonia.
                Morar sozinha é ir as compras sem companhia, é ir ao shopping sem covardia, é ir ao cinema e rir sozinha!
                Morar sozinha é dar conta dos seus defeitos e de suas qualidades, das suas manias e regalias, dos seus mimos e alegrias.
                Morar sozinha é dar mais valor na companhia!
                Claro, que morar com a família, ou com um companheiro é muito gostoso. Mas, na vida, é preciso entender-se para depois entender o outro. E que essa experiência, mesmo curta, tenha tempo suficiente para lhe proporcionar a individualidade prudente sem deixar de entender o limite do outro.
                Talvez você passe a encarar a vida de outra maneira, e aí, tudo muda!
                Morar sozinha é amadurecer. E claro, meu caro leitor, vc vai me dizer: eu moro com outras pessoas e tenho tudo isso, e nada mais a dizer.
                E eu prontamente lhe responderei: Isto é viver!

Janeiro/2012.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aprenda meu bein...

Texto lido e agora compartilhado com vocês... !


"Aprendi que palavra é igual oração: tem que ser inteira senão perde a força.
E força não há de faltar porque – aqui dentro – eu carrego o meu mundo.
Sou menina levada, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer.
 Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Escrevo escondido, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói.
E eu amo. Amo igual criança.
 Amo com os olhos vidrados, amo com todas as letras. A-M-O. Sem restrições. Sem medo. Sem frases cortadas.
Quer me entender? Não precisa.
Quer me fazer feliz? Me dê um chocolate, um bilhete, um brinde que você ganhou e não gostou, uma mentira bonita pra me fazer sonhar.
Não importa. Todo dia é dia de ser criança e criança não liga pra preço, pra laço de fita e cartão com relevo. Criança gosta mesmo é de beijo, abraço e surpresa!"

Fernanda Mello

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

SEGUNDAS INTENÇÕES



Faz algum tempo que não escrevo algo mais direto para vocês, pode ser pelo fato da mudança do ano, onde ficamos sempre com aquele ar de "oba oba", como também pode ser pelo simples fato de não querer.
Mas até o não querer é um querer, não é mesmo?

Hoje, lendo uma passagem muito interessante do livro de Nilton Bonder tive a oportunidade de pensar um pouco na vida, nos acontecimentos, nas atitudes humanas. Compartilho agora com vocês estes escritos, e espero que, assim como mobilizaram diversos sentimentos dentro de mim, algo aconteça aí!

" [...] Vemos em nosso mundo uma reação "vestida"à escolha pela nudez que tomou conta da pós-modernidade.  A liberdade e a opção individual em detrimento da coletiva são a marca de nosso tempo.
Nele são travadas as lutas simbólicas entre as forças da luz e das trevas tal como profetizaram os textos bíblicos.
O mundo parece ter um enfrentamento marcado entre dois campos adversários: o dos despidos e dos vestidos em busca da nudez.
Ambos se acusam como responsáveis pela ambiguidade humana e se dizem os legítimos guardiões da nudez. ***Por nudez entendam-se a desambiguação original e a possibilidade contido na ingenuidade, na espontaneidade e na autenticidade.*** 
O primeiro acredita que a liberdade e a transformação aproximam o ser humano do estado descoberto e despojado que representa a nudez. Ser nu é não estar defendido e resgatar a intimidade.
O segundo acredita que apenas a adesão aos fundamentos, abolindo o infinito jogo de reinventar-se, vestindo-se e revestindo-se de novos comportamentos, de novas morais e de novas imagens, pode salvaguardar a autenticidade.
Não é possível restaurar este estado de ingenuidade sob o efeito de um EU revestido em identidade e costurado de segundas intenções. 
A nudez só pode ser resgatada por FIDELIDADE, EXATIDÃO E PROBIDADE.[...]" 


Segundas  Intenções - vestindo o corpo moral.

O CONFLITO




O CONFLITO

" Aceitar um acordo é melhor para todos. A pessoa sábia e prudente sabe avançar e recuar nos momentos adequados. O amor deve ser o mentor das nossas ações. A obstinação não é boa conselheira, confie na verdade interior." (I ching)

Fixe seu olhar no lado belo da vida! Há tanta coisa para ser contemplada e apreciada! Embora tudo em torno seja lama, procure com atenção, que há de descobrir uma pequenina flor, que venha alegar sua alma. REVERBERE!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012



As maravilhas de Vinícius de Moraes...para você ler, ouvir, deliciar, refletir....!!! 
REVERBERAR!!!



Para Viver Um Grande Amor

Vinicius de Moraes


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.