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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Reverbere!







Essa música, Elis Regina já cantou, Pedro Mariano já cantou, diversos cantores ousam o timbre.... Gilberto Gil fez a composição, mas a Sandy canta da forma mais singela que já escutei! 
"Tietagem" a parte, gostaria de deixar aqui registrado o quanto essa letra é forte e nos traz reflexões para escolhas, caminhos e mudanças!!!
Reverberem como quiser!!!
Boa semana, é o lhes desejo!




 Se eu quiser falar com Deus
Composição : Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nois
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus...

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração...

E se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Eu tenho que subir aos céus
Sem cordas prá segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar!

Se eu quiser falar com Deus!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

TERAPIA OCUPACIONAL NO ENSINO FUNDAMENTAL.



Acabo de ler este texto em um blog, e resolvi compartilhar com vocês, fazendo assim juntamente uma homenagem aos professores e aos terapeutas ocupacionais, que tão bem modificam o cotidiano das pessoas com as suas especificidades!



Terapia Ocupacional no ensino fundamental

por Anna Verônica Mautner*

Nem sei dizer se os alunos do curso fundamental continuam tendo ou não aulas de trabalho manual, uma vez que não me lembro de ter ouvido de ninguém, nos últimos tempos, comentários sobre o que teria aprendido a fazer nessas supostas aulas. Se elas existem ainda, não são levadas a sério, no mínimo porque não têm nota, e, portanto, não reprovam.

 Lá pelos 30 anos atrás – quando ainda se faziam coisas à mão, não só com os dedos, como hoje em dia, que passaram a servir apenas para apertar botão – fazia uma grande diferença ter ou não habilidade manual. Aquele que tinha naturalmente esse dom não tinha dificuldades em vários setores da educação formal. Provavelmente era bom de caligrafia, de desenho, tinha nota boa “de ordem” e também nos trabalhos manuais. Esse era um tempo em que as pessoas tinham mãos, eram seres que desenvolviam habilidades específicas a serem feitas com a palma e os dedos das mãos – cada gesto com uma finalidade. Hoje a mão ficou para trás, serve para jogar bola, para dirigir automóvel, ou será que ela serve para muito mais coisas?

É uma pena que tenha ocorrido assim porque produzir coisas pode ser importante para o orgulho pessoal. Pode fazer parte da constituição de uma saudável autoestima. Gostar de um objeto feito com as próprias mãos, guardado pela mãe como lembrança, realimenta a nossa confiança em nós mesmos.

Quando se priva a criança da oportunidade de fazer coisas, tiramos dela uma possibilidade: olhar o que fez, ver que os outros gostam, mostram e também guardam dá uma sensação de gostoso na barriga. As crianças de hoje, a não ser que tenham mães muito jeitosas e caprichosas, não têm com quem se identificar para praticar a criação e feitura de pequenos objetos mercadologicamente insignificantes, porém afetivamente importantes como marcos de crescimento e transformação.

 Existe um curso, uma profissão, que pode (creio eu) e espero que pretenda atuar nesse campo educacional: os terapeutas ocupacionais. Tendo em vista que todos nós, cada vez mais, recebemos tudo pronto e somos cada vez menos incentivados a nos tornarmos autores/criadores dos objetivos de nosso uso pessoal, estamos, na minha opinião, bastante precisados de profissionais que nos despertem este interesse. Eles deveriam ser prestigiados, pois é pelo seu conhecimento e pela aplicação de suas técnicas e idéias que podemos criar as ligações neurais entre olho e mão. Esta ligação (olho/mão) é essencial para que sejamos “Homo Sapiens”. Esse só se torna passando pelo “Homo Faber”.
Em tempos passados, imitando pais que faziam, a criança não precisava da sabedoria do terapeuta ocupacional criando exercícios para desenvolver as sinapses entre olho e mão. Aprendia-se a fazer fazendo. As habilidades eram desenvolvidas no fazer, olhado o que os outros faziam.

O terapeuta ocupacional aprende nos seus bancos escolares a desenvolver essa relação tão importante para a nossa sobrevivência. Eu lamento que o encarregado da manter o homem humanizado seja o profissional que ostenta o título de “terapeuta” e não de “educador”. Terapia significa curar; educar é interessar, incentivar, motivar, deixar improvisar. Sem querer abalar o caráter terapêutico importante e tão necessário da atividade dos T.O.s na recuperação das sinapses, gostaria que esse saber também fosse utilizado na educação para o desenvolvimento de novas sinapses. Possivelmente as mesmas técnicas ou uma parte delas podem ser usadas tanto para recuperar sinapses perdidas (terapia) quanto para desenvolver novas e mais fortes sinapses (educação). Esses conhecimentos precisam ser transmitidos para os professores. As escolas precisam de terapeutas ocupacionais orientando os mestres.

*Anna Verônica Mautner é psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise e palestrante. Autora de Cotidiano nas entrelinhas e Crônicas científicas (Ed. Agora).
Texto extraído da publicação PROFISSÃO MESTRE – fevereiro 2010.




E então gostaram????

EU. [Qual é o seu afinal?]

Após realizar trocas profissionais*em uma viagem interessantíssima, pude entrar em contato com alguns conceitos que temos no nosso cotidiano; Algo sobre existência X presença!

E fiquei a refletir por um tempo sobre isso... 


Quando pensamos ou agimos, exercitamos em nós e no OUTRO sentimentos de conforto e desconforto. Esse tipo de conforto x desconforto vem sempre atrelado a resultados que surgem de uma escuta que sempre vem repleta de julgamentos [bons ou ruins, correto?].


Julgamentos [...]
             Pensamentos [...]
    Julgamentos [...]


Penso que a questão está na estruturação do pensamento, muito mais do que em sua qualidade. Quando o pensamento é livre ele é um recurso, quando está a serviço da presença torna-se corrupto e não confiável.


Penso  ainda que é natural que a consciência reproduza a maior premissa biológica que existe: a luta pela preservação da vida buscando a máxima redução de estresse e o maior conforto possível.


Rapidamente, esclareço que o EU se constrói na consciência como centro de controle para que tenhamos o máximo de prazer e o mínimo de desconforto [...]


A principal diferença está no fato de que os impulsos da vida buscam este estado sempre dentro da realidade.


O EU, por ser uma construção da imaginação [imaginação?], tem o recurso fantástico de se redesenhar e transformar, mas também o poder autodestrutivo de se iludir.


Solto na IMAGINAÇÃO, o EU tem condições de evitar o estresse em construções virtuais, imaginárias, que não terão respaldo no mundo real.


E aí caro leitor, qual a sua conclusão sobre isso?


O que você conhece do seu EU? da sua IMAGINAÇÃO? dos seus JULGAMENTOS?


E como você pensa que pode modificar o outro a partir de tudo isso que o seu EU é ? 




Aguardo reverberações!


















*[[ Faço uma homenagem aos T.O´s de plantão, parabenizando pelo 13 de outubro! ]]

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O silêncio

Arnaldo Antunes ( Apud Perdigão, 2005, p.127)
      Entende o silêncio como algo no plural, vejamos:

" [...] para ele não existe um único, existem vários. Você pode pensar desde o silêncio carregado de significado, em que, numa dada situação, calar faz o mesmo sentido que um discurso, até o silêncio vazio de sentido, que é a ausência de som, o nada, uma página em branco.
Você pode pesá-lo como intervalo, o silêncio entre os sons, entre uma palavra e outra. Você pode pensar o silêncio como gradações de silêncio: você vai ouvindo os sons mais perto, de  repente você anda e tem um som mais longe. Você nunca tem o silêncio absoluto; então tem também o silêncio da impossibilidade do silêncio absoluto [...]"

Estamos cercados, caro leitor, de diversas informações, somos exigidos o tempo todo a estarmos "super conectados" "ligados" "plugados" no mundo [ e tenta não fazê-lo para ver o que dá] ( e o que dá?) [...]
Para pausar, é preciso silenciar.
Para pensar, é preciso silenciar.
Para estar, é preciso ter um segundo sequer de reverberação silenciosa do seu ser.

O silêncio do movimento sugere emergências de contatos com sensações, pulsos, produções imagética, exercício do pensar, entre outros que não cessam de produzir barulhos e sons.

É evidente que o silêncio de palavras pode produzir "conversa" que prescinde das palavras, evocando nos corpos um tipo de contato diferente da comunicação verbal que estamos acostumados e que privilegiamos e muitas de nossas relações.

Mas, e o silêncio?

E "aquele" silêncio?

Observo em todos os momentos [seja na profissão, ou na vida pessoal] que os silêncios podem facilitar os processos, gerar nas pessoas um "desassustar" com o próprio corpo que, muitas vezes, é vivido como algo desconhecido. Por outro lado, o mesmo, pode servir como estratégia para se afastar muito rapidamente das sensações do corpo.

Vamos silenciar um pouco?

Direcionar a atenção ao seu próprio corpo?

[re] descobrir uma dor ou uma emergência de sensações?

lembrar?

registrar?

O quanto você está disposto neste mundo a se CONECTAR?  E agora a se  DESCONECTAR?

Afinal, para quê?

Queridos leitores, ao voltar-se para si, exige uma pausa, principalmente quando estamos capturados pela demanda de ações, tarefas e barulhos que nos colocam permanentemente em situações de excessiva expansão em direção ao mundo.

Viva os silêncios! 

Reverbere... perturbe... transforme... silencie... e seja! 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Dose dupla de Tequila, por favor!




Para escrever sobre as reverberações que ando tendo nos últimos dias, e assim, justificar a ausência do mundo virtual, resolvo hoje falar sobre as pequenas percepções que temos perante as diferentes situações que vivemos.

Falar em "pequenas percepções" representa, para mim, uma qualidade intensiva que é pura vibração,não falo das formas figurais, mas de recebermos como um jogo de forças que se apresentam como uma atmosfera, 
                invisíveis à visão, mas apreensíveis à sensibilidade intensiva do olhar.

Pois é, falo dos encontros! dos olhares! dos acontecimentos rotineiros!

Falo, do "outro" que nos perturba!

Discutir a questão das relações, é trabalhar no plano das pequenas percepções, é evidenciar um olhar que apreende o que é invisível para a visão objetivadora: tensões, aberturas e quebras de espaço, movimentos orientados de força, suas cargas e suas potências.
                                                                          É nessa direção que emana uma superfície de contato entre os corpos, por onde cada um de nós se liga aos outros e ao mundo.

Podemos pensar também na capacidade que o ser humano tem de captar atmosferas presentes no encontro entre os corpos. Um olhar atmosférico perante ao outro e ao mundo que os cercam.

E para que pensar, agir e estar atento?

A produção de uma atmosfera em determinado encontro tem a propriedade de transformar os corpos submetendo-os a um regime de forças que, por sua qualidade intensiva, não estaria limitado à consciência.

O corpo é o primeiro elemento visível que se rodeia de uma atmosfera. E, por exalar dos corpos, existe quase de modo autônomo e envolvente, fazendo-nos , por exemplo, dizer que estamos "conectados um ao outro", "em sintonia", "no ar", evidenciando uma dimensão além dos limites da visibilidade dos corpos.

Ouso dizer que é um "não sei o quê" que captura, apazigua, dá confiança, cria repulsa e que, funda as relações de amor, transferência e de influência.

O encontro do meu olhar com o teu, cria uma atmosfera única que corresponde aos movimentos microscópios de cada um de nós.
                 Essa atmosfera é a forma mais presente nos encontros, com base na poeira das pequenas percepções que ganham forma como atmosfera que pré-anuncia, faz pré-sentir a forma que se desenhará: A ATMOSFERA MUDA, ENTÃO, TORNA-SE CLIMA, ASSUMINDO SOMENTE ALI DETERMINAÇÕES E FORMAS VISÍVEIS.

Nesse território do "contato" tudo pode acontecer, não podemos esquecer que a atmosfera tem uma densidade, uma textura e uma viscosidade própria, contendo um número incalculável de diferentes atmosferas que compõem uma dinâmica complexa.
São as forças que atravessam os corpos.
São as vontades.
As necessidades.
Os desejos.

Tudo cria uma atmosfera única... 
e eu vou ficando por aqui, 
em meio a tantas reverberações termino pedindo 
uma dose dulpa de Tequila, por favor!