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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O silêncio

Arnaldo Antunes ( Apud Perdigão, 2005, p.127)
      Entende o silêncio como algo no plural, vejamos:

" [...] para ele não existe um único, existem vários. Você pode pensar desde o silêncio carregado de significado, em que, numa dada situação, calar faz o mesmo sentido que um discurso, até o silêncio vazio de sentido, que é a ausência de som, o nada, uma página em branco.
Você pode pesá-lo como intervalo, o silêncio entre os sons, entre uma palavra e outra. Você pode pensar o silêncio como gradações de silêncio: você vai ouvindo os sons mais perto, de  repente você anda e tem um som mais longe. Você nunca tem o silêncio absoluto; então tem também o silêncio da impossibilidade do silêncio absoluto [...]"

Estamos cercados, caro leitor, de diversas informações, somos exigidos o tempo todo a estarmos "super conectados" "ligados" "plugados" no mundo [ e tenta não fazê-lo para ver o que dá] ( e o que dá?) [...]
Para pausar, é preciso silenciar.
Para pensar, é preciso silenciar.
Para estar, é preciso ter um segundo sequer de reverberação silenciosa do seu ser.

O silêncio do movimento sugere emergências de contatos com sensações, pulsos, produções imagética, exercício do pensar, entre outros que não cessam de produzir barulhos e sons.

É evidente que o silêncio de palavras pode produzir "conversa" que prescinde das palavras, evocando nos corpos um tipo de contato diferente da comunicação verbal que estamos acostumados e que privilegiamos e muitas de nossas relações.

Mas, e o silêncio?

E "aquele" silêncio?

Observo em todos os momentos [seja na profissão, ou na vida pessoal] que os silêncios podem facilitar os processos, gerar nas pessoas um "desassustar" com o próprio corpo que, muitas vezes, é vivido como algo desconhecido. Por outro lado, o mesmo, pode servir como estratégia para se afastar muito rapidamente das sensações do corpo.

Vamos silenciar um pouco?

Direcionar a atenção ao seu próprio corpo?

[re] descobrir uma dor ou uma emergência de sensações?

lembrar?

registrar?

O quanto você está disposto neste mundo a se CONECTAR?  E agora a se  DESCONECTAR?

Afinal, para quê?

Queridos leitores, ao voltar-se para si, exige uma pausa, principalmente quando estamos capturados pela demanda de ações, tarefas e barulhos que nos colocam permanentemente em situações de excessiva expansão em direção ao mundo.

Viva os silêncios! 

Reverbere... perturbe... transforme... silencie... e seja! 

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