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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Delicadezas!






Da janela do seu escritório, um bancário viu que uma ninhada 


de patinhos estava nascendo. Só que o ninho da pata era na 


marquise do prédio. Ele sabia que patinhos recém-nascidos 


seguem o chamado da mãe e se atiram para fora do ninho, para 


segui-la até a água. Mas, nesse caso, eles estavam numa marquise 


acima de uma calçada de concreto. 



O homem correu para a calçada e ... bem, você tem que assistir! 




quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Destino.





Destino

à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio

servente de danos e enganos

vou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escasso

conheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer disperso

agora
que mais
me poderei vencer?

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Santiago...reverbera!




Gosto quando te calas 

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda