Translate

sábado, 5 de maio de 2012

SONETO DE MAIO




Soneto de Maio 

Suavemente Maio se insinua 
Por entre os véus de Abril, o mês cruel 
E lava o ar de anil, alegra a rua 
Alumbra os astros e aproxima o céu. 

Até a lua, a casta e branca lua 
Esquecido o pudor, baixa o dossel 
E em seu leito de plumas fica nua 
A destilar seu luminoso mel. 

Raia a aurora tão tímida e tão fragil 
Que através do seu corpo transparente 
Dir-se-ia poder-se ver o rosto 

Carregado de inveja e de presságio 
Dos irmãos Junho e Julho, friamente 
Preparando as catástrofes de Agosto... 

Vinicius de Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sensibilize-se!