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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

As relações e os laços.



Nestes últimos meses, trabalhei como terapeuta ocupacional de um grupo de idosos em uma cidadezinha. Sempre acostumada a lidar com este tipo de demanda profissional, fui com o coração aberto, mas algo singular e maior surgiu, pois bem, resolvi compartilhar.

 No início, como em qualquer relação que se inicia, senti ansiedade. A ansiedade para o novo existe e persiste até que o desconhecido se faça reconhecer. A insegurança também é latente nestes “inícios”: Será que vão gostar de mim?

Como em qualquer relação, os laços vão se criando, as histórias de cada um vão sendo assimiladas, os encontros vão acontecendo e se verdadeiros permanecem confiantes, e assim foi.

Aprender sempre foi uma vontade minha, em qualquer relação que eu possa entrar. Mas desta vez, senti vontade de compartilhar alguns aprendizados que talvez, só os idosos, ou aqueles idosos puderam me proporcionar.

Conforme os encontros de Terapia Ocupacional aconteciam, minha vida dava um giro de 360°. Porém, a vida nos surpreende!

Aquelas histórias, aquelas vivencias, aqueles momentos, foram se singularizando ainda mais. Passava sim, os devidos ensinamentos técnicos, mas o que eu aprendia não tinha artigo científico ou cartomante para ensinar ou dizer.

Aprendi a compreender que na vida, cada um passa exatamente o que aguenta passar. 
Que a vida para alguns é cheia de tragédias, e para outros, não é assim e não precisa ser.
Para alguns, ser jovem é sinal de vitalidade, para outros, ser velho é sinal de força!
Para alguns, viver intensamente é burrice, para outros, viver com cautela, também é.
Com fé ( e haja fé...) eles vivem e nos ensinam a viver.

Não são instruídos intelectualmente ao que manda a escolarização. Mas são repletos de vivências que perpassam certos aprendizados.
Não são dotados de dinheiro. Mas têm uma felicidade nos olhos e bondade nos corações inigualáveis.
Não são totalmente completos no casamento. Mas percebem e valorizam esta relação como fonte de união e prazer.
Reconhecem as dificuldades e compreendem que é preciso ter paciência para enfrentá-las.

Sabem que o medo existe, mas afinal, que tanto medo a gente tem do medo?

Muitos são sozinhos no mundo, mas reconhecem que é impossível serem felizes se permanecerem assim!
Todos acreditam no trabalho como fonte de sobrevivência, mas não como principal fonte de vida.

Todos ensinam que a melhor forma de viver é ter paciência e responsabilidade.
 Todos ensinam que com amor as coisas acontecem. 
Com a paz elas permanecem e com cumplicidade elas são compartilhadas.

Esta música da Marisa Monte, revela exatamente o que aquela cidadezinha expressa. O que a vida nos guarda e o que nos resta!

Afinal, viver é a única opção antes de morrer. Então que seja a melhor delas!


Este lugar existe, e com os idosos aprendi que está situado em nossos corações. 
Basta querer e viver! 
Carolina/ agosto 2013

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