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terça-feira, 2 de abril de 2013

Melancolias do viver...


" [...] Todos os dias que depois vieram eram tempo de doer.
Miguilim tinha sido arrancado de uma porção de coisas, e estava no mesmo lugar. 
Quando chegava o poder de chorar, era até bom - enquanto estava chorando parecia que a alma toda se sacudia, misturando ao vivo todas as lembranças, as mais novas e as muito antigas. 
Mas, no mais das horas, ele estava cansado. 
Cansado e como que assustado. 
Sufocado. 
Ele não era ele mesmo. 
Diante dele, as pessoas perdiam o peso de ser. 
Os lugares, o Mutum - se esvaziavam, numa ligeireza, vagarosos. 
E Miguilim se achava mesmo diferente de todos. [...] "

Guimarães Rosa

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