A foto ( uma das minhas favoritas do
jardim da casa de meus pais ), também proposital,
pode ser facilmente compreendida com a beleza das flores das orquídeas,
que são inebriantes e duram tão pouco tempo,
uma beleza que se perde facilmente,
por sua fragilidade e tempo de duração.
Estes dias li em uma coluna on - line, algumas coisas sobre a "arte de perder" e me peguei diversas vezes no meu cotidiano sobre as perdas que temos constantemente.
Este poema que publico aqui para vocês, é algo para reverberarmos e realmente buscarmos refletir um pouquinho.
O poema é do livro O iceberg imaginário e outros poemas, da Companhia das Letras.
Uma arte
A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
— Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.