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quarta-feira, 21 de março de 2012

Perdas...

A foto ( uma das minhas favoritas do 
jardim da casa de meus pais ), também proposital, 
pode ser facilmente compreendida com a beleza das flores das orquídeas, 
que são inebriantes e duram tão pouco tempo, 
uma beleza que se perde facilmente, 
por sua fragilidade e tempo de duração. 

Estes dias li em uma coluna on - line, algumas coisas sobre a "arte de perder" e me peguei diversas vezes no meu cotidiano sobre as perdas que temos constantemente.

Este poema que publico aqui para vocês, é algo para reverberarmos e realmente buscarmos refletir um pouquinho.

O poema é do livro O iceberg imaginário e outros poemas, da Companhia das Letras.

Uma arte

A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

— Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.